Saturday, November 24, 2007


Em Santiago do Chile, Rock +eletrônica+punk é = ROCK HUDSON.
Solução raciocinada: Rock Hudson é uma banda chilena eletrônica que mistura influências de rock e punk com muitos beats eletrônicos . O resultado ? Música eletrônica da melhor qualidade com muita criatividade e que no cabe em um único rótulo....pode ser um eletro-rock-pop com clima Curve, como na ótima , “You could be me”.... ou algo mais viajante e eletrônico em sua essência, como “Perry Franky Miller Gajardo”. Podem soar também mais melódicos com um refrão super pop como em “Curb” ... ou quem sabe, com pitadas de chill out como “Samba Triste” que tem letra em português . Também podem ser mais dançantes com toques de deep house com o tema “Sambacanuta”. Perceberam por quantos caminhos da eletrônica o RH te leva ?
A bela voz da vocalista Nera é um elemento a mais para que a música do Rock Hudson te conquiste logo na primeira audição.
O grupo formado em 2001 se completa com Fernando Lasalvia (guitarra /baixo/vocal), Pedro Comparini (bateria/teclados/ Turntables) , Sarasa (guitarra solo) e Pelao (baixo).
Eles já têm 2 discos oficiais "El Elela" (2004) e "Quintana Roo" (2006), pelo selo la oreja.
Já conquistaram prêmios importantes: o de “Banda Revelação” pela Associação de Imprensa do Chile e o de “Melhor banda eletronica” em Milão no festival The Diesel-u-music . Sim...eles já tocaram em vários países da Europa. No Chile, o RH foi a estrela de festivais como o Earthdance e Creamfields de lá e já até dividiram o palco com o Tiga.
Com todas essas credenciais alguém dúvida do talento do Rock Hudson ??!

Thursday, November 01, 2007

A ciudad de la furia me recebeu ensolarada mas os presságios do taxista que me conduziu ao hotel, me remeteram à dias nebulosos.
Me perguntou o motorista : veio fazer turismo em Buenos Aires ? E eu respondi : “ não, vim para ver o recital do Soda Stereo no estádio do River”.
A partir daí aquele condutor passou a discorrer sobre suas experiências de concertos no Monumental de Nuñes, a mais recente delas, o show do Guns n`Roses. Então me contou que havia chegado às 8 da manhã e conseguido um lugar muito perto do palco, mas que quando começou o recital foi tanta confusão que terminou o show vendo tudo de muito longe. Me disse :"depois de estar tão perto do palco , terminei por ver os músicos como formiguinhas". O tom profético com que me falou não abalou o meu otimismo de fã baseado na minha longa experiência de vários de concertos e festivais de rock.
Enfim, o dia 19 chegou. Tinha decidido que chegaria ao estádio do River à tarde. Às 16 já estava na avenida Libertador e o mesmo otimismo que me invadiu ao ver que a fila para o campo se movia ordenadamente, ruiu nos vinte minutos seguintes em que buscava desesperadamente o final dela. Parecia interminável aquele séqüito de fãs ávidos por celebrar o reencontro da maior banda de rock latino. Foi uma hora e meia de pé sob o sol da tarde na longa fila. Já imaginava o pior : que quando entrasse no campo ele já estaria todo tomado por milhares de pessoas e que só me restaria ver o Soda como formiguinha tal qual o condutor do táxi me contara.
Para minha surpresa ainda havia bastante lugar do lado direito do palco e ali como uma especialista em táticas de sobrevivência em grandes arenas roqueiras, finquei meus pés.
Diferentemente do que ocorre no Brasil, ali não era permitida a venda de bebida alcoólica, nem mesmo fora do estádio e isso parecia determinante para eu entender como o público argentino se comportaria antes e durante todo o show. Havia uma calma aparente; aparente , eu disse. A verdade era – todos estavam concentradíssimos no que estava prestes a acontecer – depois de 10 anos de ausência a maior banda de rock latino estaria ali de novo , na nossa frente, ou melhor na frente de 70 mil pessoas.
O clima de tensão foi quebrado por alguns minutos quando Zeta apareceu no palco, ainda com dia claro, para nos brindar com sua simpatia e carinho e dezenas de celulares se ergueram ao ar para saudar ( e registrar ) o astro.
Aqueles instantes passavam lentamente... uma eternidade que terminou enfim quando as luzes se apagaram.
Por um segundo percebi que uma bomba estava prestes a explodir, e me sentia pronta para a avalanche de emoções que viria.
Uma onda de decibéis se ergueu e aquele tsunami stereo tinha um nome: Cerati, Bosio e Alberti.....SODA !!!
Da introdução com “Algun Dia” aos primeiros acordes de “Juego de Seduccion” ..... 1,2,3 4 ! A eternidade da espera foi pelos ares! Adolescentes que nunca tinham visto o Soda, nostálgicos descrentes do regresso e uma brasileira que jamais imaginaria estar diante do maior ícone do rock latino, foi uma explosão de emoção coletiva ! Nunca tinha visto nada igual aquilo; as pessoas saltavam, gritavam ,cantavam....Por um momento me dei conta que “Te llevaré hasta el extremo”, já não era mais um refrão na voz de Cerati e sim uma promessa de momentos inesquecíveis .
Nessa hora fui arremessada de um lado a outro e numa tentativa inútil de tentar me segurar, meu namorado teve o seu dinheiro roubado por alguém que parecia alheio a importância histórica daquele momento.
O estádio do River explodiu!!!!!!!

Optei por ficar mais atrás onde o ar era mais abundante e de onde eu podia vê-los, ouvi-los, cantar, saltar e dançar com mais tranqüilidade...Vi várias "chicas" saindo carregadas (desmaiadas).
Me lembrei dos presságios do motorista de táxi, mas a minha alegria era inabalável e o meu humor blindado ignorava os empurrões e aqueles que estavam ali e só sabiam cantar os hits da banda.
Um turbilhão de emoções bombardeava meu cérebro.... Havia tanta alegria e entusiasmo entre os três músicos que tive a impressão de que a linha do tempo que os separou era tão tênue que talvez nunca tivesse realmente existido.
Senti que Soda era SODA, uma instituição do rock argentino; algo maior que todos os desentendimentos de Cerati, Alberti e Bosio.
“Ciudad de La Furia” , o clássico indispensável, verdadeiro hino, foi de arrepiar e na balada “Corazón Delator”, Cerati mostrou que a voz ainda está em dia, como nos velhos tempos.
A sequência “Danza Rota”, “Persiana Americana”, “Fue” e “En Remolinos” foi inesquecível – um dos melhores momentos do show se é que se pode escolher um.
De repente, tive o mesmo pensamento de 10 anos atrás – não entendia porque aquela banda tinha decidido encerrar a carreira no auge da seu processo criativo e amadurecimento musical . "Sueño Stereo" , o último album de estúdio era a prova da minha incompreensão para aquele fim prematuro.
Fui invadida por aquela onda nostálgica de velhos hits e me deixei levar pelos riffs mortais da saudosa Jackson , a favorita de 9 entre 10 guitarristas nos anos 80. Haveria de fato uma preocupação de Cerati em soar fiel as versões originais dos clássicos soderos ???
A verdade era uma só – o tempo não passou para o Soda Stereo.
A energia, a química e o carisma permaneceram intactos nestes últimos anos.
Soda ainda vive e os fãs agradecem.