Monday, March 15, 2010



CÉU
Contaminada pela máxima rodriguiana de que "toda unamidade é burra", sempre olho com desconfiança aqueles artistas novos ou estreantes que são exaltados pela crítica. Por essa razão demorei um certo tempo para me convencer de que o segundo album da cantora CÉU , o elogiadíssimo "Vagarosa", merecia uma audição.
E como não há verdade absoluta, nem quando se trata do genial Nelson Rodrigues, escutei atentamente o disco e...confesso, é bom; tão bom que a crítica internacional o apontou como o melhor lançamento de música brasileira no ano de 2009.
Com "Vagarosa", Céu quebrou um jejum de 40 anos em que uma artista brasileira não frequentava a parada da Billboard ( a última vez que isso aconteceu foi com Astrud Gilberto cantando "Garota de Ipanema").
O sucesso da cantora e de seu disco deve-se não somente à sua bela voz, cool e chique, mas também à sua super banda que proporciona arranjos sofisticados que flertam com o jazz, em canções que estão longe das obviedades sonoras da nossa MPB. Boas faixas como ,"Cangote" e "Cordão da Insônia", tem acento reggae. Outras surpreendem como "Grains de Beauté" que tem uma sonoridade mais orgânica e navega por nuances que lembram um trip hop acústico. Outro grande momento é "Nascente" que tem uma introdução portisheadiana e depois oscila entre o jazz e blues, mas que ao final ganha ares de rock.
E quem disse que Céu não faz poesia ?
"Em cada fio de cabelo/ das pedras nasce um novelo/que aos poucos se movimenta/semd ar adeus à nascente/parte como uma serpente/engole o que vê na frente/se arrasta, engrossa e aumenta/ E o rio de água cinzenta/corre, empurra, rasga e roça/ tatuando na pele grosa/ do chão de carne barrenta" (Nascente).
E se achou pouco, além da bela voz, Céu ainda é linda.

Wednesday, March 03, 2010

O que seria um "punk tropical" ? TETINE é a resposta, ou pelo menos é assim que Bruno Verner e Eliete Mejorado definem a música que produzem. A dupla se encontrou em 95 na cidade de São Paulo, quando o pós-punk, a new wave e o synth-pop eram somente ecos de um passado esquecido. Mas foi a partir de 2001, na distante Londres, que o Tetine começou a tomar forma. Misturando arte, música e vídeo, a dupla brasileira começou a se apresentar em galerias de artes, museus e centros culturais da Europa.
Editaram vários discos, sendo que o mais recente atende pelo sugestivo nome de "Let your X`s be Y`S " pela Soul Jazz records.
A música que produzem é uma mescla de muitas sonoridades dos anos 80, onde um teclado synth pop pode muito bem encontrar um baixo funkeado. O resultado nos remete a algo mais eletro, em temas como "Tropical Punk" e "What a gift to get". Serão os sucessores do Cansei de Ser Sexy?
Ma há também lugar para o funk bem humorado, "Pelada no Flamengo", com levada "London Calling" do the Clash (estaria aí decifrado o tal punk tropical ???).
Bruno e Eliete são uma espécie de embaixadores da música underground brasileira. Lançaram a compilação "Funk carioca- 2004" ( o primeiro do gênero fora do Brasil) e ainda produziram em 2007, uma coletânea de grupos paulistas pós-punks dos anos 80 ("Sexual Life of the Savages").