FRANZ FERDINAND INCENDEIA O RIO!Nunca esquecerei de um disco que ganhei em meados da década de 70, ainda criança:
"Fruto Proibido" de Rita Lee & Tutti Frutti. Entre tantas boas canções, a maioria em parceria com Paulo Coelho, aquela que se tornaria emblemática para mim : "Esse tal de Roque Enrow" .
Ontem, durante a apresentação do Franz Ferdinand , no Rio, aquela letra veio a minha cabeça: "....ela nem vem mais pra casa, Doutor/ela odeia meus vestidos/ a minha filha é um caso sério, Doutor /ela agora está vivendo com esse tal de Roque Enrow, Roque Erow, Roque Enrow/ ela não quer ser tratada, Doutor, e não pensa no futuro/ minha filha está solteira, Doutor/ela agora está lá na sala com esse tal de Roque Enrow, Roque Enrow".
Apesar dos anos passados , de tantos desencontros e reencontros e assistindo ao show dos roqueiros escoceses, percebi que o meu caso de amor nunca morreu.
Logo ali no Circo Voador, templo de tantos shows memoráveis da minha vida... Circo que nem mais lona tem, agora com a arquitetura arrojada que ganhou há pouco tempo.
Circo moderno, futurista - outra geração de fãs , mas contaminados pelo mesmo vírus como os de outrora.
O FF entrou no palco tal qual a seleção brasileira para disputar a final com a seleção alemã : com o jogo ganho. Ou melhor, com a platéia ganha. Todas as músicas (sem exceção) foram cantadas aos berros pelo público e os escoceses pareciam não acreditar no que viam. Uma platéia incendiada com suas guitarras inflamadas, a voz irrepreensível de Kapranos, um baixo que oscilava entre a
disco e o
punk e uma bateria visceral. Nem precisava tanto combustível! Don Letts (
filmaker, ex-BAD) estava lá, na lateral do palco, registrando tudo! Os músicos estavam tão extasiados que por duas vezes o vocalista/guitarrista Kapranos desceu do palco para o meio do público. No seu inglês de escocês que quase ninguém entendia, ele fez elogios ao Rio e ao Brasil por mais de uma vez, brindou o público com palavras de agradecimento e até comparou o calor da cidade com o frio que faz agora em Glascow. Presentearam a platéia com praticamente todas as músicas de seus dois discos. Duas constatações: soam melhor ao vivo do que em disco; e o primeiro álbum é realmente melhor que o segundo – bastava ver a reação e participação do público aos primeiros acordes de qualquer uma de suas faixas. É simples, "Franz Ferdinand" é superior ao seu sucessor em quantidade de músicas boas.
Ao final, exaustos e espremidos mais do que costume, dentro de suas habituais calças e camisas sociais, encharcadas de suor ( só conseguirão tirá-la quando chegarem à Escócia) ainda tiveram fôlego para o bis . Encerraram a noite com "This Fire" :
" this fire is out of control, I`m going to burn this city, burn this city". E o Circ
o ardeu como nos velhos tempos...